Birras, gritos, má-resposta aos adultos, dificuldade em aceitar regras e irritabilidade. Para muitos, esse tipo de conduta nas crianças é coisa da idade ou, simplesmente, falta de uma boa conversa e castigo dos pais.
Poucas pessoas sabem que reações como essas podem ser sintomas de uma doença psiquiátrica, denominado de Transtorno Desafiador de Oposição (TDO). Segundo a médica e psicanalista, Soraya Hissa de Carvalho, a doença se caracteriza exatamente por um padrão global de desobediência, desafio e comportamento hostil. “O portador do transtorno discute excessivamente com adultos, não aceita responsabilidade por sua má conduta, incomoda deliberadamente os demais, possui dificuldade em aceitar regras e perde facilmente o controle se as coisas não seguem a forma que ele deseja”, afirma a médica.
Com freqüência, e como conseqüências dos sintomas, essas crianças apresentam baixa auto-estima, fraca tolerância às frustrações, humor deprimido, ataque de raiva. Além de possuírem poucos amigos.
De acordo com pesquisas internacionais, coordenadas pela psiquiatra americana, Helen Egger, cerca de 10% das crianças entre zero e seis anos têm algum transtorno psiquiátrico grave, que se não diagnosticado e tratado a tempo pode causar comprometimento em suas vidas.
Alguns estudos sugerem que, entre as crianças em idade escolar, de 2% a 16% apresentam o Transtorno Desafiador Opositivo. “Normalmente, o transtorno inicia-se por volta dos oito anos de idade. Apesar de ser mais freqüente em meninos do que em meninas antes da puberdade, essa proporção vai se igualar depois dessa fase, ou seja, observa-se uma mesma proporção de meninos e meninas com o transtorno desafiador opositivo a partir dos 14-15 anos”, explica Soraya.
Os sintomas ocorrem em vários ambientes, mas é na escola e em casa que ficam mais evidentes. Por isso, a médica orienta os pais e educadores que observem atentamente a conduta das crianças. “Quando não tratado o transtorno desafiador opositivo pode evoluir para o transtorno de conduta na adolescência, fato que ocorre em até 75% dos casos de crianças com o diagnóstico inicial”, diz.
Birra X Transtorno - Simples birras ou pirraças típicas de crianças não devem ser confundidas com o TCO. “Na verdade, uma simples reação de oposição, como ocorre quando a criança deseja um brinquedo e a mãe não dá, não pode ser considerado um mal. Devemos compreender que um comportamento opositivo temporário é comum e faz parte do desenvolvimento”, diz a psicanalista.
Ela explica que no TCO os sintomas são severos e provocam graves prejuízos na vida escolar e social. Alguns autores consideram que esse transtorno é um antecedente evolutivo do transtorno de conduta, que é caracterizado por sérias violações dos direitos alheios e normas sociais.
Para não evoluir para uma doença mais grave, os pais devem buscar o acompanhamento de um especialista. O tratamento se baseia em técnicas de intervenção psicológica com a criança, associadas a uma orientação a pais e professores.
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