Por quase 25 anos, a Companhia das Índias Ocidentais ocupou parte do Nordeste brasileiro. E muito embora esse episódio remonte ao século XVII ainda permanece um dos temas mais estudados e discutidos dentro e fora do mundo acadêmico até os dias atuais. São vários estudos, programas televisivos e romances que tratam do “Brasil-Holandês”, período no qual o comércio de açúcar e de escravos, a sociedade, a religião, e a vida e carreira de indivíduos como o ex-governador Johan Maurits van Nassau-Siegen, com sua corte de artistas e cientistas foram temas comuns das discussões.
Mas embora as mais importantes batalhas em terra e no mar ocorridas na região tenham sido regularmente mencionadas em muitas narrativas históricas, alguns dos mais importantes protagonistas no processo de conquista e ocupação do Brasil, os soldados da Companhia das Índias Ocidentais, foram esquecidos.
O professor de História da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Bruno Romero Ferreira Miranda resgatou a história desses “soldados esquecidos” resultando no livro “Gente de Guerra. Origem, cotidiano e resistência dos soldados do exército da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil (1630-1654)”.
“A história dessa “gente de guerra”, recrutada aos milhares entre os anos de 1629 e 1653, é praticamente desconhecida e foi relegada por muitos historiadores que se dedicaram ao estudo do período neerlandês do Brasil. A pesquisa - materializada em livro - surgiu também em razão da ausência de um estudo social e da vida cotidiana do exército da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil. O objetivo principal foi tratar da história de alguns dos muitos personagens anônimos que participaram da conquista e manutenção do Brasil, bem como investigar as condições de vida diária dessas tropas”, explica o prof. Bruno Romero Ferreira Miranda .
Segundo o pesquisador algumas questões balizaram o desenvolvimento do trabalho: saber quem eram esses homens, suas origens, razões porque se alistaram e como a Companhia os recrutava. Essas foram perguntas essenciais para a construção da história do livro “Gente de guerra”.
“A pesquisa não nasceu apenas da curiosidade em saber quem eram esses homens, quais os motivos de alistamento e as suas condições de vida, mas também para entender qual foi o papel dos militares ordinários na derrocada da Companhia das Índias Ocidentais no Brasil”, conclui o pesquisador.
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