Programação conta com grandes nomes do jazz mundial
Em tributo à obra de um dos mestres da música popular brasileira, será realizada nos dias 02 e 03 de agosto a primeira edição do Festival Moacir Santos, no Teatro de Santa Isabel, no Recife. O evento traz a Pernambuco, estado onde nasceu o “Ouro Negro”, grandes nomes do jazz mundial e nacional. Na programação estão Mark Levine & The Latin Tinge, de São Francisco (CA), e The Clare Fischer Big Band, de Los Angeles (CA), além do Quarteto Coisas e da Banda Ouro Negro, ambos do Rio de Janeiro. O festival conta, ainda, com duas mesas redondas, que recebem diversos músicos e pesquisadores para debater o impacto da música de Moacir Santos nos Estados Unidos, sua linguagem jazzística afro-brasileira e o Projeto Ouro Negro e seus desdobramentos.
Nascido em 1923, no município de Flores, Sertão pernambucano, Moacir Santos começou a carreira musical cedo, aos 14 anos, tocando saxofone, clarinete e trompete na banda da cidade de Flores do Pajeú. A partir daí, o jovem negro, pobre levou sua música pelo Brasil afora. Estudou, integrou as principais orquestras da época e compôs canções que até hoje são lembradas em festivais do mundo inteiro. Na região de Pasadena, Califórnia, viveu seus últimos anos criando trilhas para o cinema e ministrando aulas de música até sua morte em julho de 2006, aos 80 anos. O “Ouro Negro”, como é chamado pelos admiradores, foi indicado ao Grammy na década de 70 e hoje é considerado pelos críticos como um dos ícones da composição jazzística brasileira.
O Festival Moacir Santos tem curadoria do Trio 3-63, formado pela flautista Andrea Ernest Dias, pelo percussionista Marcos Suzano e pelo pianista Paulo Braga. “O trabalho do Moacir foi objeto de estudo da minha tese de doutorado em música, intitulada Moacir Santos, ou os Caminhos de um Músico Brasileiro. A ideia veio daí, desse desejo de reunir admiradores para celebrar a obra dele, debater diferentes visões e discutir o futuro desse acervo. E claro, trazer músicos conceituados de todo o mundo e também dar oportunidade aos jovens que estão iniciando carreira”, explica Andrea Ernest Dias, idealizadora do projeto. Foram convidados para participar do festival 20 adolescentes da escola pública de música Israel Gomes, de Carnaíba (PE), que farão pocket shows sob regência de Gilson Malaquias e direção de Cacá Malaquias. As entradas para cada dia do evento custam R$ 30 e 15 (meia entrada).
Programação - No dia 02 de agosto, sexta-feira, Mark Levine & The Latin Tinge abrem o festival às 20h, apresentando o repertório do CD OFF& ON – The music of Moacir Santos, indicado ao Grammy Latino 2010 de Melhor Álbum de Jazz Latino. Além do pianista Mark Levine, autor de The Jazz Piano Book e The Jazz Theory Book – as“bíblias” do Jazz -,a banda é composta pela flautista e saxofonista Mary Fettig, a percussionista Michaelle Goerlitz, o baterista Celso Alberti e o contrabaixista John Wiitala.
Às 21h, sobe ao palco do Teatro de Santa Isabel a banda carioca Ouro Negro, que traz, em audição inédita, o frevo“Paixão segundo Moacir”, que o maestro compôs em homenagem a Mestre Paixão (Alfredo Manoel da Paixão), um de seus principais professores de música na infância e adolescência em Pernambuco. Fundada por Mario Adnet e Zé Nogueira, a banda lançou em 2001 o álbum duplo Ouro Negro, que teve as participações de Milton Nascimento, João Donato, Gilberto Gil, e do próprio Moacir Santos, entre outros. Desde então, o projeto tem divulgado a obra de Moacir Santos no Brasil e no exterior.
Já no dia 03 de agosto (sábado), às 20h, o Quarteto Coisas estreia no festival, homenageando o maestro com choros de sua juventude e a obra Moacirsantosianas, do violonista e compositor Maurício Carrilho - presidente do Instituto Casa do Choro e diretor da Acari Records, primeira e única gravadora especializada em choro. A obra Coisas (lançada no LP "Coisas" pela Forma, em 1965, e relançada em CD Universal Musicem 2005), de Moacir Santos, empresta o nome à reunião desses grandes instrumentistas, que atuam também como produtores, compositores, arranjadores e estudiosos da música brasileira.
Além de Carrilho, integram o quarteto o bandolinista, compositor, arranjador e diretor musical Marco César, que é líder da Orquestra Retratos do Nordeste, professor do Conservatório Pernambucano de Música e membro da Academia Pernambucana de Música; o pianista e compositor Paulo Braga, que atua como coordenador pedagógico da Escola de Música do Estado de São Paulo Tom Jobim; e a flautista Andrea Ernest Dias, da Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense (OSN-UFF), da Banda Ouro Negro e do Quinteto Pixinguinha, e autora da tese Moacir Santos, ou os Caminhos de um Músico Brasileiro.
Às 21h, a The Clare Fischer Big Band - vencedora do Grammy Award 2013 em Melhor Album de Jazz Latino com !Ritmo!, - apresenta em solo pernambucano a partitura inédita“Solidão”, composição de Moacir Santos dedicada a Clare Fischer. Clare Fischer (1928-2012) era um músico versátil, treinado nos clássicos, inspirado por ritmos de jazz e da música latina e brasileira. Entre os que tiveram o privilégio de contar com a assinatura de Clare Fischer em seus discos estão Paul McCartney, Diane Schurr, Prince, Michael Jackson, Natalie Cole, João Gilberto, Poncho Sanchez, Carlos Santana, entre outros.
Com direção do arranjador e compositor Brent Fischer, filho de Clare Fischer, o concerto da The Clare Fischer Big Band ainda conta com a participação do veterano trompetista Steve Huffsteter, que tocou e gravou com Moacir em seus discos lançados pela lendária gravadora Blue Note. Huffsteter é autor da bossa “Moacir”, que recria ritmos suaves, solos ardentes e declamações flutuantes de metais e palhetas.
Confira a programação completa:
Sexta-feira, 02 de agosto
10h
Mesa redonda: Moacir Santos, o Duke Ellington brasileiro? O impacto da música de Moacir Santos nos EUA; sua linguagem jazzística afro-brasileira.
Debatedores: Brent Fischer, Mario Adnet, Mark Levine, Maurício Carrilho, Steve Huffsteter e Teco Cardoso.
Mediadora: Andrea Ernest Dias
20h
Mark Levine & The Latin Tinge (São Francisco)
21h
Banda Ouro Negro (Rio de Janeiro). Direção: Mario Adnet e Zé Nogueira
Sábado, 03 de agosto
10h
Mesa redonda: O Acervo Moacir Santos em perspectiva. O Projeto Ouro Negro e seus desdobramentos; Moacir Santos e as novas gerações.
Debatedores: Andrea Ernest Dias, Brent Fischer, Marco César, Mario Adnet, Moacir Santos Júnior, Zé Nogueira e Cacá Malaquias.
Mediador: Paulo Braga
Participação especial: Filarmônica Maestro Israel Gomes, Carnaíba (PE). Direção: Cacá Malaquias. Regência: Gilson Malaquias
20h
Quarteto Coisas (Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo)
Maurício Carrilho, Marco César, Paulo Braga e Andrea Ernest Dias
21h
The Clare Fischer Big Band (Los Angeles)
Direção: Brent Fischer
Participação especial: Steve Huffsteter
Serviço
Festival Moacir Santos
Dias 02 e 03 de agosto
Concertos: a partir das 20h, no Teatro de Santa Isabel
Mesas redondas: às 10h, no salão nobre do teatro
Entradas: R$ 30 e R$ 15 (meia entrada)